quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Arte e Cultura

Sugestão de blog : http://artepensando.blogspot.com/

Tem alguns dos artistas citados por Foucault.

UM OUTRO OLHAR



Um Outro Olhar
A História da Loucura II


Mas, na mesma época, os termos literários, filosóficos e morais da loucura são de tipo bem diferente, observa Foucault. Aqui, a loucura está ligada ao homem, à suas fraquezas, seus sonhos e ilusões, num sutil relacionamento que o homem mantém consigo mesmo, desembocando em um universo inteiramente moral. O mal é apenas erro e defeito – eis que a experiência da loucura assume o aspecto de uma sátira moral. Eis que Erasmo desvia os olhos dessa demência e a elogia, porém, como “doce ilusão” que libera a alma de suas penosas preocupações.

Foucault vê, de um lado, Bosch, Brueghel, Thierry Bouts, Dürer e todo um silêncio de imagens, toda uma trama do visível e do secreto desenvolver-se, na pintura do século XV, como sendo a trágica loucura do mundo; de outro lado, com Brant, Erasmo e toda a tradição humanista, a loucura é considerada no universo do discurso, o discurso como uma consciência crítica do homem. Enquanto que as pinturas de Bosch, Brueghel e Dürer revelavam espectadores terrivelmente terrestres e implicados nesse homem que viam brotar à sua volta, os escritos de Erasmo revelam uma distância suficiente para estar fora do perigo da loucura. Foucault vê aí uma oposição entre o que chama de uma experiência cósmica da loucura, nas formas fascinantes das pinturas, e uma experiência crítica dessa mesma loucura, na distância intransponível da ironia. Duas formas de experiência da loucura revelam-se então, e a distância não mais deixará de aumentar: as figuras da reflexão cósmica e os movimentos da reflexão moral, o elemento trágico e o elemento crítico, que irão doravante separar-se cada vez mais, abrindo, na unidade profunda da loucura, um vazio que não mais será preenchido.

(...)

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.

http://www.inforside.com.br/noticias.aspx?id=155§ionID=9

domingo, 22 de agosto de 2010

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo. Em http://www.inforside.com.br/noticias.aspx?id=155&sectionID=9, Acesso em 22/08/2010, faz um comentário do olhar diferente sobre a loucura de Foucault;

Foucault observa que, mesmo sob a consciência crítica da loucura, e suas formas filosóficas ou científicas, morais ou médicas, uma abafada consciência trágica não deixou de ficar de vigília. No século XVI, a experiência trágica e cósmica da loucura viu-se mascarada pelos privilégios exclusivos de uma consciência crítica e apenas algumas páginas de Sade e a obra de Goya são testemunhas de que o desaparecimento não significou uma derrota total.

E eis que este aparecimento avança a ponto de o mundo do começo do século XVII mostrar-se estranhamente hospitaleiro para com a loucura, mal guardando a lembrança das grandes ameaças trágicas. É que este mundo interna o louco, enclausura a loucura e desta maneira dela parece dar conta.

O conceito de Loucura, em Foucault, não é exatamente um conceito ligado diretamente ao “patológico” ou aos que ele chama de “doentes mentais”. Fazendo uma análise, a partir de uma crítica ao modo de pensar da Idade Clássica, Foucault afirma ser louco todos aqueles que não se adequam à “normalidade” ditada pela sociedade “racionalista ou àqueles que fogem aos padrões da “normalidade”.

Na página 39 do Livro a História da Loucura, Michel Foucault , usa o nome de Shakespeare, e fiz um recorte de Freud e Shakespeare, de E. Portella Nunes e C. H. Portella Nunes. Imago, 1989 que nos reporta as loucuras das peças do autor:

Em Shakespeare, também, os problemas da loucura são considerados em sua íntima conexão com a sanidade e mesmo com a sabedoria. Vamos considerar, para efeito de exposição, os três tipos de loucura que aparecem em suas peças: a loucura dos Bobos, a loucura fingida e a loucura verdadeira.

1) Os Bobos

Os Bobos funcionam mais ou menos como os coros das tragédias gregas, pois têm também este sentido de promover o aprendizado do herói. O Bobo não é

propriamente uma pessoa e sim uma função exercida nas cortes medievais. Tal função caracteriza-se por uma licença especial para poder dizer certas verdades, mesmo que desagradáveis ao rei ou a outras personagens da corte – “Licensed fools”.

2) A loucura fingida

Alguns personagens de Shakespeare vão fingir-se de loucos a fim de conseguir um determinado objetivo.

O caso mais conhecido é o da falsa loucura de Hamlet, através da qual ele

visava obter dados que incriminassem o rei seu padrasto na morte de seu pai, ficando, ele próprio, livre de qualquer suspeita.

Logo no Ato I, Hamlet vai anunciar a Horácio sua intenção de fingir-se de

louco e fazê-lo jurar que não irá denunciá-lo. Seu intuito está ligado à visão do

fantasma do pai. (Ato I, 5).

3) A loucura verdadeira

São numerosos os loucos que aparecem nas peças de Shakespeare. Loucos de todos os tipos, revelando seu grande conhecimento dos meandros da loucura.

Um dos casos mais bem caracterizados é o da Ofélia de Hamlet. Trata-se de uma psicose típica, desenvolvida pela trama das mensagens contraditórias em que ela se vê envolvida pelo irmão, pelo pai e pelo próprio Hamlet. Ofélia, que cedo perdera a mãe, fica fragilizada diante dos homens. O pai e o irmão a proíbem explicitamente de aceitar a corte que lhe faz o príncipe Hamlet. Por outro lado, o pai atribui a loucura de Hamlet à rejeição por Ofélia, portanto à obediência da filha aos seus conselhos. Hamlet, que a princípio mostrara-se amoroso, por sua vez passa a maltratar Ofélia quando decide fingir-se de louco.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um Clássico


"Este livro de Michel Foucault, já um 'clássico' da filosofia moderna, não pretende fazer a história dos loucos ao lado, em presença ou no convívio das pessoas 'normais'; nem a história da razão em oposição à da loucura. Trata-se de levantar a história dessa divisão incessante, porém sempre modificada - divisão que se produz através de muitas outras, como as definidas pela produção, trabalho, riqueza, estrutura familiar, penalidade, coações morais etc.
Não é, de modo algum, a Medicina quem definiu os limites entre a razão e a loucura; no entanto, desde o século XIX, foram os médicos que se encarregaram de vigiar a fronteira e montar guarda na sua cancela. Afixaram nela o rótulo 'doença mental', indicação que vale como interdição..."

A partir da disciplina Psicopatologia II teremos a possibilidade de aprofundar, refletir, discutir sobre o livro de Michel Foucault. Este Blog será a publicação para as Atividades Estruturadas, será uma inovação, que com toda certeza, ninguém sairá perdendo!

Daremos início as atividades!!

Foucault, Derrida e a História da Loucura

por André Neto

Em 1961, Michel Foucault publicou em Paris "Folie et Déraison Histoire de la Folie à l’âge Classique", um livro que se tornou obra de referência na área da filosofia, história, psicologia,saúde mental e coletiva. Em 1963, no Colégio Filosófico, Jacques Derrida proferiu uma conferência em que criticava esta obra de Foucault, particularmente seu prefácio. Com a publicação de sua segunda edição francesa
(1972),Foucault retira o prefácio da primeira versão e responde, em um apêndice, às críticas feitas por Derrida. A partir do final da década de 70,o livro passou a ser traduzido para diversos idiomas, e todas estas edições saíram amputadas. Faltava-lhes o prefácio.No nosso entender, a periodização adotada e a metodologia proposta por Foucault para a elaboração de uma história da loucura foram as duas questões, presentes no prefácio, que polarizaram as críticas de Derrida. Houve ainda uma polêmica entre os dois pensadores contemporâneos sobre a interpretação que Foucault deu às Meditações, de Descartes.

FONTE: http://www.scielo.br/pdf/csp/v14n3/0102.pdf.