terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A DOENÇA MENTAL E A PSICOLOGIA EM FOUCAULT E FREUD

Meninas artigo muito interessante...

De: Vitor Lima da Silva

CienteFico. Ano II, v. I, Salvador, agosto-dezembro 2002
A Doença mental e a Psicologia em Foucault e Freud.
Vitor Lima da Silva
Michel Foucault inicia seu texto fazendo uma crítica muito pertinente à psicologia, mais
precisamente ao seu método. Segundo o autor, em linhas gerais, a psicologia tenta
enquadrar as doenças mentais em parâmetros construídos pela medicina orgânica, no que
diz respeito às categorizações dos sintomas e às classificações conceituais. Ao longo do
texto ele irá demonstrar que essa tentativa é falha, e que a psicologia deveria buscar um
método próprio, o qual levasse em consideração a totalidade do individuo
(orgânico+psíquico).
No decorrer de suas argumentações, o autor irá fazer uma análise do tempo, no qual situa o
devir psicológico como sendo resultado da história e da evolução do indivíduo,
concomitantemente. A idéia de evolução psicológica integra o passado e o presente numa
unidade sem conflito, sendo que o passado promove o presente e o torna possível. Os
comportamentos atuais do indivíduo são determinados por uma continuidade temporal e
linear. Já na concepção de história é o presente que se destaca do passado, confere-lhe um
sentido e o torna inteligível. Tanto a história como a evolução giram em torno de um ciclo,
que se reveza entre o passado e o presente.
Diante desta análise de presente e passado, Foucault faz uma crítica ao método
psicanalítico, por utilizar a regressão como fuga do presente, através da irrealização do
presente. Certamente Freud dá um passo adiante ao considerar a história do indivíduo, mas
peca quando deposita toda a importância da doença no passado do sujeito. Para Foucault o
passado não é tão importante, pois a vida do sujeito se enraíza no presente e se projeta para
o futuro; enquanto que o passado parece retirar essa possibilidade, fixando o sujeito em um
tempo que não mais existe.
A irrealização do presente se caracterizaria como uma fuga para defender-se do passado
insuportável. É em torno dessa noção de defesa psicológica que a psicanálise se estruturou;
pois, para ela, o sujeito reproduz sua história respondendo a uma situação presente, através
dos sintomas. Não consegue, porém, efetivar esse presente, ficando preso no seu passado
patológico. A defesa contra o presente torna-se uma necessidade, pois ele não consegue
realiza-lo e a “solução” que o indivíduo encontra é a defesa. E a partir desse presente é
preciso compreender e dar sentido às regressões evolutivas que surgem nas condutas
patológicas.
Foucault aponta os estudos psicanalíticos, citandos; por exemplo, a caracterização instituída
pela psicanálise entre os indivíduos neuróticos e os psicóticos - classificação que serve de
base e direcionamento à nosografia freudiana. Neste sentido, pode-se perceber que o autor
enquadra esta teoria no modelo metodológico criticado. Desta forma, coloca a insuficiência
deste ponto de referência para se compreender o universo mórbido do doente mental;
embora não o negue como ponto de partida na história das psicopatologias. Foucault critica
as ciências naturais, afirmando que elas vêem o paciente simplesmente como objeto e, por
isso, deixam passar despercebido as particularidades pessoais, tão importantes para a
compreensão da história do indivíduo, já que esta deve ser vista como algo único e total. A
reflexão histórica é feita pelo paciente e somente assim o médico tem acesso à doença.
Dessa forma o médico pode apenas intuir o que se passa com paciente, já que ele não
vivencia a mesma situação do paciente.
Para Foucault, a noção de doença é muito subjetiva: além de depender da personalidade do
sujeito, depende ainda da cultura do contexto no qual está inserido. Uma doença pode ter
vários significados nos diferentes locais. Muitas vezes, dependendo da cultura, até mesmo
um comportamento diferente pode ser considerado uma doença. Foucault critica o método
atual da psicologia, pois este não consegue associar a patologia à totalidade psíquica do
indivíduo, fragmentando-o como o faz a medicina tradicional. Para o autor é preciso
encontrar um estilo de coerência psicológica que autorize a compreensão dos fenômenos
mórbidos sem tomar como modelo de referência as fases biológicas.
Ele fala das limitações da psicologia, no sentido de não possibilitar o homem de se
conhecer. O homem seria, então, impedido de se encontrar com a sua loucura, que seria
uma de suas verdades. Ela se torna a fuga do homem, funcionando como um mecanismo de
defesa, já que o protege de se defrontar com um lado obscuro e angustiante de si mesmo.
Tais classificações de enquadramento só serviriam para limitar o conhecimento real sobre o
comportamento, principalmente aqueles que são enquadrados como anormais ou loucos.
Referências Bibliográficas:
FOUCAULT, Michel. Doença Mental e Psicologia, Ed. Tempo Brasileiro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os Indivíduos e a Verdade.

Como pudemos observar durante a leitura de "A História da Loucura", a dinâmica da relação entre subjetividade e verdade esteve em jogo em relação a experiencia da loucura em toda a obra de Foucault.
O que deve ser problematiado segundo Foucault é a questão de como a verdade foi colocada em relação a loucura. Ou seja, como se pode colocar a questão da loucura em discurso, faendo-a funcionar no sentido de "discursos de verdades", tendo um estatuto e uma função de saber positivo. Deste ponto foi empreendida uma história da loucura, colocada em termos de verdade no interior de um discurso em que a loucura do homem deve dizer alguma coisa a respeito da verdade do que é o homem, o sujeito ou a razão.
Então, podemos concluir de uma forma até simplista aparentemente que a loucura é a desrazão do homem, então, a loucura diz muito a respeito do que é a verdade. E se não existisse loucura? Ainda existiria verdade? Apenas verdades? Sem devaneios, sem fantasias ? Ai que chato!!