quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Achei bastante interessante este artigo e coloquei um trecho dele, que falade Lima Barreto, alguém que sofre os delirios da loucura e ao mesmo tempo os observa.

Gislene Maria Barral Lima Felipe da Silva, 2008 In http://www.posgrap.ufs.br/periodicos/interdisciplinar/revistas/ARQ_INTER_5/INTER5_Pg_125_154.pdf, Acesso em 21/10/2010.



De resto, a multiplicidade das formas e manifestações da loucura é fixada por Lima Barreto ao apresentar o hospício como um jardim de espécies, tal qual propunha Foucault em sua monumental História da loucura na Idade Clássica, no capítulo que se intitula sugestivamente “O louco no jardim das espécies” (1991, p. 177-208).
Buscando organizar o mundo das doenças, espaço onde a loucura acabara de se inserir, a ciência oitocentista segue a ordem classificatória dos vegetais, agrupando sintomas, causas e tratamentos para as manifestações de desordens mentais no indivíduo, assim como dispõe as famílias, gêneros e espécies em um esquema geral do reino vegetal. Desse modo, entra em cena uma função moral da ciência que, ao conferir à loucura uma proximidade com a categoria vegetal ou animal, elimina seu caráter de fenômeno intrínseco ao ser humano, como Lima Barreto já reconhecia, sem grande esforço filosófico: a loucura se reveste de varias e infinitas formas;é possível que os estudiosos tenham podido reduzi-las em uma classificação, mas ao leigo ela se apresenta como as árvores, arbustos e lianas de uma floresta; é uma porção de cousas diferentes (CV, p. 187).

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