quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A LOUCURA ESCONDE ENIGMAS DE UMA VERDADE.

Postando para: Cristiane Braga

A LOUCURA ESCONDE ENIGMAS DE UMA VERDADE

O mundo da loucura funciona como um mecanismo dos a-sociais, elementos nocivos que desorganizam o estado e causam o mal-estar da sociedade.
Esta imóvel identidade de uma existência obscura,esta no limiar da loucura, segregando a luz da verdade, permitindo de modo implícito um esquema de exclusão superposto.
O homem moderno designou no louco sua própria verdade alienada transformando as transgressões éticas em desatino ou doença mental.
A cumplicidade da medicina com a moral luta em favor do corpo, num esforço na direção do restabelecimento da saúde e imprime moralmente um sentimento de terror, como forma de repressão, coação e obrigação em conseguir a salvação e purificação da alma.
A sexualidade também foi integrada a este sistema de coação pertencendo à ordem do desatino e assumindo um aspecto de problema psicológico.
As desordens da alma como as violências contra o sagrado, blasfêmias, profanações e suicídios, todos passam por uma conduta moral, que eram punidos com a coação para atenuar uma desordem social. Os gestos de magia e as condutas profanatórias tornaram-se patológicas a partir do momento em que uma cultura deixa de reconhecer sua eficácia. A passagem para o patológico não se realizou de maneira imediata, mas sim através da transição de uma época que neutralizou sua eficácia, culpabilizando suas crenças, pois as leis humanas eram coordenados pelas leis divinas.
O controle da loucura e das expressões se dá através do internamento que tem a função de uma reforma moral em prol da verdade libertada, a fim de que a insanidade se torne um objeto de percepção, assumindo um aspecto de um fato humano do campo das espécies sociais.
Não é libertação para o saber iluminado, nem abertura pura e simples das vias do conhecimento. O internamento circunscreve a área de uma objetividade possível, pois foi afetado pelos valores negativos do banimento.
Esta loucura sob as inadaptações sociais, ocorre numa espécie de experiência comum da angústia, e o problema real é determinar o conteúdo desse juízo, sendo que não se trata de localizar o erro, uma desordem de conduta, de costumes e do espírito. É todo domínio obscuro de uma raiva ameaçadora que surge, uma noção confusa para nós, clara apenas para um dos poderes atribuídos a si mesmo no sentido positivo, assumindo um caráter patológico da alienação.
O internamento não é o primeiro esforço na direção da hospitalização da loucura, constitui uma homologação dos alienados aos outros correncionais da época.
Ser tratado como os outros insanos, não significa submeter-se a tratamento médico, mas sim seguir o regime da correição, obedecer as leis de sua pedagogia, destinando-se a corrigir um sábio arrependimento. O tempo que marca e limita o internamento é sempre apenas o tempo moral das conversões e da sabedoria, tempo para que o castigo cumpra seu efeito.
Somente no começo do século XV é que se observa a presença de loucos nos hospitais, passando a ser reconhecido de um outro modo, reagrupado segundo uma nova ordem específica, atribuindo um estatuto exatamente médico.
A consciência médica estava implicada em todo julgamento sobre a alienação. Apenas o médico é competente para julgar se um indivíduo esta louco e em que grau de capacidade lhe permite sua doença.
A vida do indivíduo, seu passado, os juízos que se puderam formar sobre ele a partir da infância, tudo isso cuidadosamente pesado pode autorizar o médico a fazer um juízo e decretar a existência ou ausência da doença. È necessário determinar quais as faculdades atingidas e interrogar e determinar se pode atribuí-las à loucura.
Cabe ao médico descobrir as marcas indubitáveis da verdade ou nos introduzir no mundo da loucura.

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