quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Da reflexão

"... Pois, se a reflexão acredita poder definir-se ela mesma no momento em que parte para atingir o irrefletido, ela não pode deixar de se modificar durante o caminho. O que lhe aparecia como que a distância, embora sempre a seu alcance, não para de se retirar, de se subtrair a seus propósitos."
p.43
Colette, Jacques. Existencialismo. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009

2 comentários:

  1. Ainda do mesmo livro e pensando sobre a consciência que trouxe do que Foucault nos trás no livro... que no caso seria a consciência da loucura... encontrei isso e achei interessante compartilhar:

    "... A existência não é um conceito, é um signo que indica um 'mais além de toda objetividade'. O existir não é um objeto, mas aquilo de que não cessamos de partir para pensar o possível. A reflexão sobre si não é um puro olhar no espelho, mas, tomando o preceito délfico como imperativo, significa: age sobre ti mesmo para que te tornes aquele que és. Como esclarecimento da existência, a reflexão não pode se fechar sobre si mesma, crispar-se a ponto de tornar-se vontade de saber; ela precisa constantemente arriscar-se a perder o pé, rompendo com o regime da imediatividade primeira. 'Refletindo sobre mim, há sempre um instante em que não sou mais eu mesmo e em que não sou ainda. Su virtualidade'. Em contrapartida, essa reflexão remete ao que Jaspers não hesita em chamar consciência absoluta, isto é, na origem das atitudes objetiváveis entendidas como reflexo da existência em sua incondicionalidade. Esse absoluto significa ao mesmo tempo apaziguamento e inquietude, tensão e reconciliação, cujas formas (consciência moral, amor, fé) não são adequação a um conteúdo, mas somente signos de uma origem ireecusável,embora para sempre irrecuperável. A consciência absoluta não pode se satisfazer 'nem nas afirmações objetivas do ser absoluto da transcendência, nem naquelas relativas ao ser do mundo (...). A verdadeira cosnciência filosófica serve-se desses dois procedimentos para que cada um deles perca a segurança de possuir um conhecimento definitivo do ser'.
    O esclarecimento da existência constitui portanto o eixo em torno do qual giram a reflexão sobre a consciência em geral, que é condição de toda objetividade, e a consciência absoluta, na qual se reflete a origem e se revela a transcendência. A aproximação à consciência absoluta exige da reflexão três movimentos articulados uns aos outros. 'Em seu movimento a partir da origem enquanto não-saber, vertigem, angústia, consciência moral; em sua plenitude enquanto amor, fé, imaginação; através de sua salvaguada na realidade empírica enquanto ironia, jogo, pudor, serenidade'.
    (...)
    ... Em seu devir, a existÊncia virtual faz a experiência das situações-limite (morte, sofrimento, combate, culpabilidade), situações que toda vida enfrenta, modalidades diversas da provação, do inevitável fracasso contra o qual se choca a existência obrigada a transcender sua situação. Mas essas situações, precisamente enquanto limites, dão à existência virtual (e não à consciÊncia em geral) um impulso de vida que a lança a um mais-além." p.30-31

    ResponderExcluir
  2. "... ela não pode deixar de se modificar durante o caminho."

    Não existe uma verdade única, imutável.
    Por consequência não existe uma concepção única de loucura...

    ResponderExcluir