sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Recortes sobre a consciência da loucura

Fiz uns recortes a respeito da consciência da loucura... do que achei interessante nessa minha primeira leitura:


“Qual é a figura da ciência, por mais coerente e cerrada que seja, que não deixa gravitar ao seu redor formas mais ou menos obscuras da consciência prática, mitológica ou moral? Se não fosse vivida numa ordem dispersa e reconhecida somente através de perfis, toda verdade acabaria adormecendo.“ p.165

“No entanto, talvez uma certa não-coerência seja mais essencial à experiência da loucura do que em qualquer outro lugar;” p.165

“... Mas o sentido da loucura numa determinada época, inclusive na nossa, não deve ser solicitado à unidade pelo menos esboçada de um projeto, mas sim a essa presença dilacerada.” P.166

Nos trás formas de consciências:

1. Consciência CRÍTICA da loucura;
2. Consciência PRÁTICA da loucura;
3. Consciência ENUNCIATIVA da loucura e
4. Consciência ANALÍTICA da loucura. (p.166 a 169)...

“Cada uma dessas formas de consciência é ao mesmo tempo suficiente em si mesma e solidária com todas as outras.” p. 169

“Mas nenhuma delas pode ser absorvida inteiramente por uma outra. Por mais íntimo que seja, o relacionamento entre elas nunca pode reduzi-las a uma unidade que as aboliria a todas numa forma tirânica, definida e monótona de consciência. É que por sua natureza, sua significação e fundamento, cada uma tem sua autonomia: a primeira delimita de imediato toda um região de linguagem onde se encontram e se defrontam ao mesmo tempo o sentido e o não-sentido, a verdade e o erro, a sabedoria e a embriaguez, a luz do dia e o sonho cintilante, os limites do juízo e as presunções infinitas do desejo. A segunda, herdeira dos grandes horrores ancestrais, retoma, sem saber, sem querer e sem dizer, os velhos ritos mudos que purificam e revigoram as consciências obscuras da comunidade; envolve em si toda uma história que não diz seu nome, e apesar das justificativas que ela mesma pode apresentar, permanece mais próxima do rigor imóvel das cerimônias que do labor incessante da linguagem. A terceira não pertence à ordem do conhecimento, mas do reconhecimento; é um espelho (como no Neveu de Rameau) ou lembrança (como em Nerval ou Artaud) – é sempre, no fundo, uma reflexão sobre si mesmo no momento em que acredita designar ou o estranho ou aquilo que nela existe de mais estranho; o que ela põe à distância, em sua enunciação imediata, nessa descoberta inteiramente perceptiva, era seu segredo mais profundo; e nessa existência simples e não na da loucura, que está presente como coisa oferecida e desarmada, ela reconhece sem o saber a familiaridade de sua dor. Na consciência analítica da loucura efetua-se o apaziguamento do drama e encerra-se o silêncio do diálogo; não há mais nem ritual nem lirismo; os fantasmas assumem sua verdade; os perigos da contranatureza tornam-se signos e manifestações de uma natureza; aquilo que evocava o horror convoca agora apenas as técnicas da supressão. A consciência da loucura não pode mais, aqui, encontrar seu equilíbrio a não ser na forma do conhecimento.” p.170

Um comentário:

  1. Gosto de como ele começa introduzindo a segunda parte... falando de maneira a se entender que a loucura não pode ser compreendida de um modo único.
    Mais ou menos por ai, e pelo que eu entendi... e a princípio.
    Falando que não se resulta de uma única vez... quase isso... Até pq ele fala no sentido de uma forma do saber, de verdade, de CS da loucura e tals... mas como eu já estou me enrolando nos meus pensamentos prefiro parar por aqui hj... hauiaiuahuahiua

    Beijos,
    Carol (TETA)

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