quinta-feira, 16 de setembro de 2010

capítulos 3 e 4

Postando para - Juliana Oliveira

Resenha dos capítulos 3 e 4 do livro “História da Loucura”,
de Michel Foucault


Segundo Foucault, no capítulo “O Mundo Correcional” do livro a “História da Loucura”, o internamento dos doentes mentais seria uma eliminação espontânea dos que estão fora do padrão. “...aqueles que, não sem hesitação, nem perigo, distribuímos entre as prisões, casas de correção, hospitais psiquiátricos ou gabinetes de psicanalistas”. O internamento acabou funcionando como um mecanismo social, ou seja, permite com que a sociedade elimine grupos com elementos “a-sociais”.
Após um processo de exclusão despercebida, a sociedade deu-se conta de que o internamento não representou somente um papel negativo de exclusão, mas sim um papel positivo de organização. As práticas e regras impostas constituíram um domínio social, que fez com que houvesse uma aproximação entre os personagens e valores pertencentes a sociedade, sendo necessária toda uma reorganização ética e até mesmo uma reestruturação.
“...certas formas de pensamento “libertino”, como a de Sade, têm algo a ver com o delírio e a loucura; admitir-se-á de um modo igualmente fácil que magia, alquimia, práticas de profanação ou ainda certas formas de sexualidade mantêm um parentesco direto com o desatino e a doença mental”. Essas crenças acabam ocupando espaço agregadas aos símbolos da loucura.
Após 1590, se codificou a intenção dos castigos – chicotadas, medicamentos tradicionais e sacramento da penitência. “A intenção do castigo e do castigo individual, torna-se então bastante precisa”, pois o castigo deixou de ter um caráter obscuro. O flagelo passou a designar uma culpabilidade. “...o “grande mal” só exige esses ritos de purificação porque se origina nas desordens do coração, e porque pode ser assimilado ao pecado definido pela intenção deliberada de pecar”.
A repressão do pensamento e do controle da expressão ocorre somente com o objetivo de conduzir o doente mental de volta à verdade, através do constrangimento moral.
Foucault finaliza o capítulo escrevendo que a liberdade “data o momento em que o homem europeu deixa de experimentar e compreender o que é. (...) Esse momento é simbolizado por um estranho encontro: o do homem, que sozinho, formulou a teoria dessas existências do desatino e um dos primeiros homens que quis fazer da loucura uma ciência positiva”, ou seja ocultar os propósitos do contra-senso e escutar somente as patologias da loucura.
No capítulo 4, “Experiências da Loucura”, Foucault aborda que por ter-se conhecido mal a natureza, a raiz da loucura, os signos positivos foram ofuscados, fazendo com que as formas de agir e aplicar fossem feitas de maneira geral e diversificadas, quanto ao internamento.
Os cuidados médicos são inseridos à prática do internamento com a finalidade de prevenção sob alguns efeitos, não fazendo parte do projeto de internação. “O internamento destina-se a corrigir, e se lhe é fixado um prazo, não é um prazo de cura mas, antes, o de um sábio arrependimento”. As casas de internação tinham aspecto de prisão, fazendo com que o tempo destinado aos doentes mentais fosse um tempo moral das conversões e da sabedoria, tempo suficiente para que o castigo cumpra o efeito “necessário”.
Não há uma única experiência formulada pela Renascença sobre a loucura, o que há é o desejo de evolução e desenvolvimento para atingir uma forma mais acabada e mais complexa. O autor afirma que “as forças que se encontram em jogo na história não obedecem nem a uma destinação, nem a uma mecânica, mas ao acaso da luta”.
Em relação à internação, dois domínios foram reconhecidos: um é considerado como limitação da subjetividade, onde a alienação designa um processo onde o sujeito se percebe diferente de sua liberdade “através de um duplo movimento: aquele, natural de sua loucura, e um outro, jurídico, da interdição geral, que o faz cair sob os poderes de um Outro: o outro em geral, no caso representado pelo curador”. Outra forma de alienação designa uma tomada de consciência através da qual o “louco” é “reconhecido, pela sociedade, como estranho a sua própria pátria: ele não é libertado de sua responsabilidade; atribui-se-lhe, ao menos sob as formas do parentesco e de vizinhanças cúmplices, uma culpabilidade moral; é designado como sendo o Outro, o Estrangeiro, o Excluído”.

2 comentários:

  1. tem do capitulo 1
    preciso de um comentário crítico referente ao primeiro capítulo mas estou com dificuldades para entender onde começa e onde termina esse capítulo.

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