sábado, 11 de setembro de 2010

Nem peritos, nem sábios. Ordinários.

Balada do Louco (Mutantes)
Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz que não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz


Sei que é uma música conhecida, mas hoje conversamos muito sobre a loucura tendo como base algumas letras de música. A do post anterior foi uma, esta foi outra e ainda tenho algumas coisas para falar sobre algumas músicas de Raul Seixas.
As vezes por uma incansável tentativa de nos moldar para, então, preencher as espectativas de rígidas conservas sociais, tomamos atitudes e nos tornamos pessoas que na realidade não seríamos. Sei que as vezes pareço confusa ao me expressar, mas, muitas vezes encontramos a nossa felicidade em algo visto de fora como loucura. E quem vê de fora, e utiliza um tempo que poderia ser investido olhando para dentro de si, é feliz? Quem aponta e diz :"Olha lá, o cara é louco!", será que não está deixando de buscar sua felicidade, algo que o complete, que o faça transcender, com medo que do mesmo modo que julga o próximo, assim também será julgado!? Meu Deussss como é bom, sair pelas ruas com amigos e as vezes correr, ou dançar, ou gargalhar bem alto, cantar todos juntos. Falo disso, porque vivo isso dentro da própria faculdade, vivemos, aliás. Mas, e aí? Eu sou louca, mas e você, é feliz de verdade? Sei que é complexo achar resposta pra isso, mas, vale a pena refletir...
Para muitos, viver no mundo dos ditos "normais" é uma tortura! Desempregado, contas vencidas, a luz cortada, filhos dormindo e dia inteiro, abandonaram a escola antes de completar o ensino fundamental. Ou mesmo, ter uma casa linda, mas não ter amigos pra compartilhar a piscina da casa nova, viver deitada na cama mais cara do mundo porque está tão triste e com um sentimento de vazio tão profundo que a melhor solução para o momento seria a morte. Deixa eu fazer a minha realidade, como eu digo: "My pink little world", onde podemos ser Napoleão, Alain Delon, não precisar de carros, porque podemos ir além em segundos com as próprias asas... Essa realidade, vista como (des)razão, como algo desconecto do mundo, é vista por mim como uma virtude!! Sim, em um mundo onde nada vai bem, onde as coisas só pioram, por favor, parem um pouquinho, me deixem descer, porque eu quero ir pra ouuuutro lugar!


Eu calço é 37
Meu pai me dá 36
Dói, mas no dia seguinte
Aperto meu pé outra vez
Eu aperto meu pé outra vez
Pai eu já tô crescidinho
Pague pra ver, que eu aposto
Vou escolher meu sapato
E andar do jeito que eu gosto
Por que cargas d'água
Você acha que tem o direito
De afogar tudo aquilo que eu
Sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer
Na realidade
No dia em que você souber respeitar
A minha vontade
Meu pai
Meu pai
(Trecho da música Sapato 36 de Raul Seixas)

Achei de grande importancia colocar esta música, porque é exatamente o que a sociedade faz conosco. O mundo, abre as "portas" exigindo uma demanda específica. Você tem que se adapatar e se moldar a esta demanda. É algo exigido sim, a única opção é o sapato 36, e você aperta para que seu pé caiba nele. Quando você escolhe o sapato que vai usar, o papel que você vai exercer perante os diversos grupos que te permeiam, você corre um grande risco de ser chamado de louco, exatamente por ter saído da norma, por ter apresentado algo que não se encaixa na demanda construida culturalmente. E realmente, só pra finalizar, a sociedade a cada dia continua se achando no direito de reprimir, de afogar tudo aquilo que temos no peito, para ter nas mãos algo talvez seja parecido com um controle, domínio de tudo, de todos... Isso me remete muito a Derridá em Imprevisível Liberdade, e ao filme Cronicamente Inviável. Mas, é quase 5h da manhã e já filosofei muito por aqui, outro dia completo com estes dois pontos.
Eu escrevi (Nathi), mas estes pensamentos foram muito discutidos esta noite entre eu, a Rafaela, a Eliane e a Ana Carolina. Então, este texto é também delas, tanto quanto meu.

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