segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Outra forma de alienação designa uma tomada de consciência através da qual o “louco” é “reconhecido, pela sociedade, como estranho a sua própria pátria: ele não é libertado de sua responsabilidade; atribui-se-lhe, ao menos sob as formas do parentesco e de vizinhanças cúmplices, uma culpabilidade moral; é designado como sendo o Outro, o Estrangeiro, o Excluído”."

Essa leitura me fez lembrar aquele livro: O Alienista, na certa algumas de vocês já leram... É do Machado de Assis se eu não me engano...

O protagonista que era um médico decidiu se aventurar pelo campo da psiquiatria e iniciou um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Ele funda a Casa Verde, um hospício na vila de Itaguaí e abastece-o de cobaias humanas, para as suas pesquisas. Mas ele passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgava serem loucas; desde o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa, e etc. Até a sua própria mulher fora internada... Para ele todos eram loucos... foi aplaudido de inicio, mas visto seus exageros nos internamentos gerou uma revolta entre os moradores... (algo assim, faz tempo que li o livro...)... Depois de um tempo ele repensa e inverte o seu critério para o internamento e decide internar a minoria, os ditos simples, leais, sinceros e etc. Até internar-se a si próprio... (português ruinzinho, né?! =p sorry...)...

“... percebe que os germes do desequilíbrio prosperam porque já estavam latentes em todos.”

Que critérios usamos no final das contas para designar alguém como louco??? Fugir do padrão?! Mas se pensarmos, em algum momento de nossas vidas nós fugimos deste padrão também, somos nós loucos, então?? O.o


Uma frase dita por Machado de Assis: "Se você não é um homem, então, não têm palavras o suficiente para falar a respeito de outros homens..."

3 comentários:

  1. Admirável Gado Novo

    Composição: Zé Ramalho

    Vocês que fazem parte dessa massa
    Que passa nos projetos do futuro
    É duro tanto ter que caminhar
    E dar muito mais do que receber
    E ter que demonstrar sua coragem
    À margem do que possa parecer
    E ver que toda essa engrenagem
    Já sente a ferrugem lhe comer

    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz
    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz

    Lá fora faz um tempo confortável
    A vigilância cuida do normal
    Os automóveis ouvem a notícia
    Os homens a publicam no jornal
    E correm através da madrugada
    A única velhice que chegou
    Demoram-se na beira da estrada
    E passam a contar o que sobrou

    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz
    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz

    O povo foge da ignorância
    Apesar de viver tão perto dela
    E sonham com melhores tempos idos
    Contemplam essa vida numa cela
    Esperam nova possibilidade
    De ver esse mundo se acabar
    A arca de Noé, o dirigível
    Não voam nem se pode flutuar
    Não voam nem se pode flutuar
    Não voam nem se pode flutuar

    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz
    Ê, ô, ô, vida de gado
    Povo marcado, ê, povo feliz

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  2. adorei...
    ...vivemos em um mundo de loucos e o leitor não está excluído desse mundo...

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  3. É exatamente na experiência do normal que se produz a experiência da loucura na contemporâniedade, afinal a vigilãoncia cuida do normal. E que nos vigia? Olhem o Panóptico!!!!

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