sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Encontrei um artigo do Rafael Haddock-Lobo e achei algumas coisas bem interessantes. Este pedacinho cabe bem com o que estamos discutindo.

"(...) este modernamente entendido como doente mental que interessa a Foucault: a invenção da loucura como patologia, que se dá justamente no auge do humanismo. Esse processo histórico é o objeto central das análises de Foucault, pois é o que de fato representa a crescente dominação da loucura e sua progressiva integração à ordem da razão.
A partir da pesquisa de Foucault, a história da loucura deixa de ser a história da psiquiatria, pois passa a tratar da história deste processo de dominação e integração, cujo objetivo consiste não em tentar traçar uma linearidade ou uma análise da totalidade destes discursos sobre a loucura, mas antes tem sua característica fundamental em assinalar rupturas e estabelecer períodos. (...) O louco foi circunscrito, isolado, individualizado, patologizado por problemas econômicos, políticos e assistenciais, e não por exame médico. Tem-se aqui, então, uma estrondosa aporia: por um lado, a razão psiquiátrica é denunciada por Foucault como aquilo que sufocou, aprisionou e empreendeu todos os seus esforços (...) para destruir ou aniquilar a loucura; por outro lado, o que se percebe com História da loucura é que a razão é “não só incapaz de enunciar a verdade da loucura, como também responsável pelo banimento da verdade da loucura como desrazão”."


Rafael Haddock-Lobo - HISTÓRIA DA LOUCURA DE MICHEL FOUCAULT COMO UMA“HISTÓRIA DO OUTRO”

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